Por Paula Goulart
Quando perdemos alguém, é comum que um visitante indesejado apareça: a culpa. Ela chega de mansinho, trazendo perguntas que machucam: E se eu tivesse ligado antes? E se eu tivesse visitado mais? E se eu tivesse dito que amava?
O autojulgamento no luto é cruel. Ele nos faz revisar cada detalhe da relação, como se houvesse um manual perfeito de como amar e cuidar — e, ao não seguirmos à risca, fôssemos condenados. Mas a verdade é que não existe um roteiro impecável para a vida, muito menos para a despedida. Lembro-me do relato de um senhor, certa vez, que estava em um encontro do Luto pela Vida. Ele perdeu o irmão de forma repentina e, com a voz
embargada, disse: “Faziam meses que não nos víamos. No último encontro, discutimos. Eu pensava em procurar para conversar, mas esperei… e agora não tem mais como.”
No Grupo de Acolhimento Luto pela Vida, vejo histórias como essa com frequência. Lá, aprendemos juntos que o luto não é sobre perfeição; é sobre humanidade. Todos nós falhamos, adiamos, nos distraímos. Isso não anula o amor vivido nem os bons momentos compartilhados. Caso sinta que gostaria de conversar e encontrar acolhimento — sendo cliente ou não do Complexo Salvatore —, você é bem-vindo(a) a participar. Basta enviar uma mensagem para o WhatsApp (98) 2109-3999.
Se você carrega culpa após uma perda, respire fundo: não é preciso reescrever o passado para honrar quem partiu. Às vezes, honrar é simplesmente seguir, levando consigo as memórias boas e a disposição de viver melhor daqui em diante.
Paula Goulart
Especialista em Luto, CEO do Complexo Salvatore, mãe e
empresária, dedica sua trajetória a transformar a forma como
acolhemos e vivemos o luto e ressignificamos a dor.